Ururau: Docentes da Uenf entram em greve a partir de segunda-feira
Ururau
Decisão foi aprovada em assembleia realizada nesta terça-feira
Os professores da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) estarão em greve por tempo indeterminado a partir de segunda-feira (04/04). A mobilização foi aprovada em assembleia realizada na tarde desta terça-feira (29/03), na sede da Associação dos Docentes Universidade Estadual do Norte Fluminense (Aduenf), assim como outras reivindicações da categoria.
“Diante o agravamento da crise financeira, corte de verba, parcelamento dos salários e iminência da Uenf, que já recebeu aviso do porte de água para segunda-feira, fechar as portas, a greve foi inevitável”, disse Marcos Pedlowski, que é professor doutor do Laboratório de Estudos do Espaço Antropópico (LEEA) da Uenf.
Além da aprovação de greve, também foram votadas e aprovadas pautas sobre o retorno do pagamento dos salários para o 5º dia útil de cada mês, a rejeição do corte na verba da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e do Projeto de Lei 257/2016, que tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados e discorre sobre a proposta de Reforma Fiscal do governo federal.
“O projeto irá limitar o gasto público federal e estadual por meio de, entre outras ações, congelamento salarial, suspensão de benefícios e, criação de um plano de demissões voluntárias no serviço público”, disse professor.
Para Pedlowski o anúncio de parcelamento do pagamento dos salários dos servidores do governo do estado para os dias 14 e 28 de abril, se confirmado, poderá gerar uma greve geral. “Além da Educação, a Cedae e o Degase já anunciaram greve. Se for confirmado o parcelamento dos salários em abril, a greve geral é inevitável”, disse.
Na Uenf, que já chegou a anunciar a possibilidade de fechar as portas caso a crise financeira da instituição se agrave ainda mais, os estudantes já estão em greve deste o mês de Janeiro. Na assembleia desta terça também foi aprovada a continuidade da “Atividade Unificada”, que terá nesta quarta-feira (30/03), às 16h, na Villa Maria, o evento cultural com música, debates, exposições e poesias denominado de “Canto de Resistência”, com participação do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas Estaduais (Sintuperj).
A CRISE FINACEIRA DA UENF
Universidade Estadual do Norte Fluminense, que conta hoje com cerca de 5 mil alunos (entre graduação e pós-graduação) e 300 professores, vive uma grave crise financeira, acumulando desde outubro do ano passado uma dívida estimada em R$ 11 milhões. Com cortes de telefone, combustível e ainda com ameaças de interrupção nos fornecimentos de água e luz, a universidade pode fechar suas portas como foi anunciado pelo reitor da universidade, Luís Passoni no dia (21/03).
Nesta segunda-feira (28/03) a reitoria recebeu a visita do deputado estadual Papinha (PP) que se comprometeu a interceder, junto ao Governo do Estado, quanto à liberação de recursos para a universidade. A verba de aproximadamente R$ 800 mil referente ao Programa de Apoio à Pós-Graduação (Proap – Capes) está emperrada porque o governo do estado não deu a sua contrapartida, no valor de R$ 1.200.
Demonstrando preocupação com a possível suspensão das atividades na universidade, Papinha quis saber exatamente o que poderia ser feito, de imediato, para pelo menos manter as atividades básicas no campus universitário. “Não podemos deixar um órgão tão importante como a Uenf nessas condições. O que eu puder fazer, farei para ajudar”, disse o deputado, informando que hoje teria uma audiência com o governador em exercício, Francisco Dornelles, na qual pretendia abordar a questão da Uenf.
O reitor explicou que a Uenf está sem telefone há mais de um mês (não podendo fazer nem receber ligações) e sem combustível. Ele informou que todas as viagens de trabalho estão sendo feitas com recursos próprios dos servidores. Passoni observou ainda que todos os dias chegam notificações de empresas ameaçando suspender os serviços, como é o caso da White Martins, que fornece gases para a Uenf.
Um dos gases é o nitrogênio líquido, indispensável para a manutenção de alguns equipamentos. Se suspenderem o fornecimento de nitrogênio, serão danificados três equipamentos de R$ 1 milhão de dólares cada um”, disse Passoni.
Com relação ao fornecimento de água e luz, o reitor lembrou que o a Secretaria de Fazenda negociou diretamente com a Ampla, o que tem garantido a continuidade dos serviços. Na última quarta, representantes da empresa Águas do Paraíba conversaram com o reitor, e o corte no fornecimento de água, que seria feito ontem, não ocorreu.
“O problema é que estamos contando só com a boa vontade das empresas e a situação está chegando no limite. Se algum desses serviços for suspenso, a Uenf não tem como continuar funcionando. O governo precisa liberar pelo menos alguma parte destes pagamentos”, disse.
Fonte Redação/Ascom