UM DIA PARA FICAR NA HISTÓRIA: TRABALHADORES DA UERJ E UENF LOTAM PRIMEIRA ASSEMBLÉIA GERAL UNIFICADA

Companheiros do Muspe, Sepe, Intersindical, Conlutas, o deputado estadual Marcelo Freixo e representantes dos gabinetes dos deputados Comte Bittencourt e Paulo Ramos participaram do encontro

A assembléia geral unificada dos trabalhadores da Uerj e da Uenf foi um verdadeira festa da democracia. Professores e técnico-administrativos se uniram em torno da Campanha Salarial Unificada 2010. Esta foi a primeira vez na história que trabalhadores das duas universidades se reúnem numa assembleia geral unificada. A luta por salários dignos é, também, a luta pelo fortalecimento das universidades, pela manutenção dessas instituições públicas, gratuitas, de qualidade e socialmente referenciadas.

A decisão de unificar as campanhas é, também, a decisão de fortalecer o movimento dos trabalhadores das universidades públicas estaduais. Tanto na Uerj quanto na Uenf, os servidores vivenciam praticamente os mesmos problemas. São cerca de dez anos sem reajuste salarial, com defasagem que chega a 82% de perdas acumuladas, falta de condições para o trabalho, falta de condições de atendimento à população, evasão de profissionais, falta de concursos públicos.

Representantes do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe/RJ), da Intersindical, Conlutas, gabinetes dos deputados Comte Bittencourt (PPS) e Paulo Ramos (PDT), e o deputado estadual Marcelo Freixo participaram da assembléia. Todos foram unânimes quanto a importância da mobilização e unificação dos trabalhadores.

Unificação é essencial

A presidente da Asduerj, Cleier Marconsin, saudou a primeira assembleia unificada e falou da importância do processo desencadeado pela Uerj e Uenf. “Este momento é de fundamental importância para a conquista de direitos e tentativa de reverter o descaso imposto pelo governo. Estamos em busca de ir além da unidade, mas da unificação”, disse a dirigente. Ela também citou os episódios recentes acontecidos na Uerj. “Nossos cartazes convocando para esta assembléia foram rasgados. Nossas faixas foram retiradas. A Prefeitura da Uerj não nos cedeu telão por conta de nossa postura de crítica ao governo. O secretário de Ciência e Tecnologia já deixou claro que não vai negociar em conjunto com as duas universidades. Estes são sinais de que estamos incomodando o poder instituído nas universidades e fora delas”, afirmou.

Para o deputado estadual Marcelo Freixo, o momento é importante e fundamental. “São universidades que, apesar das especificidades, têm no fundo a mesma raiz do problema: um governo que esvazia o movimento, que achata salários, que precariza o serviço público e as universidades. É uma assembléia histórica! Não se trata só da unificação das lutas, mas da unificação das estratégias de luta para enfrentar esse governo. E essa luta tem que chegar no parlamento”, afirmou o deputado. De acordo com Freixo, ele levará à Alerj a proposta de reativação da frente parlamentar em defesa das universidades estaduais.

Inimigos comuns

O coordenador geral do Sintuperj, José Arnaldo Gama, afirmou que o momento para os trabalhadores de ambas as universidades é importante, mas lembrou do período eleitoral (interno e externo) que se aproxima. “A Reitoria da Uerj já começa a se movimentar para construir chapas para disputar o Conselho Universitário e até mesmo para o Sintuperj, que terá eleições neste ano”, afirmou. Por isso, companheiros, é fundamental termos claro quem são os verdadeiros representantes dos trabalhadores e quem está a serviço do reitor.

As representantes estudantis da Uerj no Consun, Caroline de Castro e Márcia Paula Macedo, também estiveram presentes na assembléia. Segundo Caroline, a Uerj precisa focar no direito usurpado de ter, repassados, 6% da Receita Tributária Líquida do estado. “Vamos discutir e difundir os 6% como único elemento capaz de dar realmente autonomia à Uerj”, disse. Já Márcia foi enfática ao dizer que o ataque à Uerj é feito pelo governo e pela Reitoria e que só unidos, os trabalhadores podem dar uma resposta objetiva ao desmonte promovido por Cabral e Vieiralves.

Para o coordenador do Sintuperj, César Lopes, este é o primeiro de um grande passo que os trabalhadores das universidades deram. “Temos um inimigo comum no estado. Hoje, nosso inimigo comum é um mentiroso. Ele está no Palácio Guanabara. Temos que formar uma só frente de coalizão e partirmos, todos, pra cima de Sérgio Cabral. O que precisamos é nos organizar ainda mais”, afirmou o dirigente.

Unidade dos servidores estaduais

Os trabalhadores também sabem que o momento de unificação das lutas das universidades deve ser estendido com a unificação de todos os servidores públicos estaduais. O Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais – Muspe – é a frente que precisa ser fortalecida com a adesão cada vez maior das categorias de servidores. “Essa unidade tem que se transformar num novo instrumento de luta para os trabalhadores do estado. Esperamos todos no Muspe”, disse o coordenador-geral do Sepe/RJ Sérgio Paulo.

Para o professor da Uenf, Glauco Tostes, este é um novo tempo de lutas. “Essa unificação dos trabalhadores tem incomodado muita gente. Espero que esse marco se amplifique. A luta de classes é algo vivo, concreto”, afirmou.

O projeto neoliberal de Sérgio Cabral e companhia, que destroi o patrimônio público, minimiza as ações do estado e privilegia o capital, precisa ser derrotado. E isso só se dará com a unidade dos trabalhadores. O serviço público, especialmente, é o que mais sofre com os sucessivos ataques do governo. O plano é um só: precarizar para privatizar. E isso, nós não podemos permitir!

Em defesa dos salários

Um dos diretores da Asduerj, Guilherme Abelha, colocou a defasagem salarial como entrave não só para os servidores, mas também para o próprio desenvolvimento da universidade. “Vivemos numa realidade muito dura, de perdas consideráveis do poder de compra. Os técnico-administrativos sofrem de forma ainda mais acentuada esse processo. E isso torna a instituição, em si, insustentável. O que vai nos permitir ter qualidade de ensino nas instituições, qualidade de vida, é a unificação”, afirmou.

O diretor da Aduenf, Marcos Pedlowski, citou a estratégia do governo em congelar os salários. “A nossa luta salarial está bloqueada estrategicamente. É o projeto de privatizar as universidades. Se não defendermos nossos salários, teremos universidades esvaziadas de servidores efetivos, o que, aliás, já está acontecendo”, observou.

O técnico-administrativo, Antônio ---, falou sobre o descaso do governo Cabral para com os trabalhadores. “O governo acha estranha nossa reivindicação de melhores salários, mas não acha estranho dar dinheiro para Eike Baptista, indicado pela revista Forbes como o oitavo milionário do mundo. Enquanto isso, nos deixa há dez anos sem reajuste. Todos nós somos vítimas da fraude que é o governo Cabral”, disse.

Deliberações da Assembléia

A mesa, composta por representantes do Sintuperj, Asduerj e Aduenf, apresentou as propostas. Após alguns destaques, a maioria delas foi aprovada por unanimidade.

A assembléia também aprovou uma moção de repúdio contra as reitorias da Uerj e Uenf e governo do estado. A próxima assembleia geral unificada será realizada na Uenf, no dia 08 de junho, às 14h. Veja as deliberações:

- Os sindicatos da Uerj e Uenf realizarão, daqui pra frente, negociações conjuntas.

- Realizar abaixo-assinado entre os estudantes em apoio à Campanha Salarial Unificada.

- Montar um calendário que permita a realização de assembléias unificadas e setoriais para discutir as questões comuns e as especificidades de cada uma das categorias.

- Promover uma campanha publicitária unificada.

- Realizar aulas públicas.

- Adesão das três entidades sindicais (Sintuperj, Asduerj e Aduenf) ao Muspe.

- Moção de repúdio das universidades estaduais e pela retirada da minuta do reitor (que abre brechas à privatização do Hupe) do Consun.

- Estabelecimento de um calendário comum de paralisações.

- Participação das audiências da Comissão de Educação da Alerj com ato público nas escadarias do Palácio Tiradentes.

- Assembléia Unificada na Uenf no dia 8 de junho, às 14h.

http://www.sintuperj.org.br/portal/pg_materia.asp?id=471

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