As amizades ingratas da reitoria da UENF e o papel dos sindicatos na defesa da universidade

Na histórica greve que começou em outubro de 2004 e terminou em março de 2005, a direção da ADUENF foi acusada em nota oficial, escrita e publicada pela Reitoria da UENF, de estar sendo movida por interesses privados de cunho inconfessável. Na verdade, nossos interesses eram públicos e confessáveis: lutávamos por 61% de reposição das perdas salariais, pois acreditávamos que aquela seria a única forma de impedirmos a destruição da UENF idealizada por Darcy Ribeiro, visto que com aqueles salários já corroídos uma debandada de docentes seria inevitável.

O reitor de então, preferiu se aliar ao governo Rosinha para quebrar a nossa greve, usando inclusive a repugnante ameaça do corte de ponto. O reitor de então conseguiu o seu intento, não sem antes prometer que resolveria tudo com a sua amiga governadora. Na verdade, a única coisa que a então governadora fez em troca dos bons serviços do então reitor foi trazer sua tropa de choque para dentro do campus da UENF para agredir estudantes que foram a uma cerimônia pública exigir a construção de bandejão e alojamento.

Quebrada a greve e imposta a apatia dentro do campus Leonel Brizola, o então reitor conseguiu eleger em 2007 o seu sucessor, um recém-doutor formado na própria UENF, e que se destacou na campanha eleitoral por prometer cumprir as promessas que não haviam sido cumpridas por seu mentor.

E o que se viu desde a posse do atual reitor, ao menos no tocante às relações com o governo Cabral, é que o discípulo decidiu seguir fielmente o script preparado pelo mentor. Por causa disto, a comunidade universitária da UENF teve que ouvir em verso e prosa uma decantada amizade entre o reitor e o governador Cabral. E para fazer esta amizade valer, o que se viu foi uma subserviência tácita aos desejos e necessidades do governo do estado, e um desprezo quase total pela democracia interna, com os principais colegiados da UENF sendo esvaziados de poder efetivo. De quebra, uma rígida centralização financeira, deixou diretorias de centro e chefias de laboratório na ingrata condição de meros empurradoras de papel.

Ah sim, a corrosão salarial não parou de aumentar, e atualmente está na ordem de 82%, e a evasão de docentes que a diretoria da ADUENF anunciou em 2004 está acontecendo de forma acelerada por causa dos melhores salários pagos pelas universidades federais.

E o que fez o reitor da UENF depois que a ADUENF começou a campanha salarial pela reposição das perdas salariais? Reuniu-se com o governador Cabral à portas fechadas dentro do Palácio Guanabara, e sem a presença dos sindicatos, e saiu de lá prometendo que no dia 25 de março o governador iria anunciar um índice de reposição de perdas salariais para a UENF. Depois que o governador “muy amigo” deu para trás, usando como desculpa a crise dos royalties e se recusou a divulgar qualquer índice, o reitor da UENF recolheu-se em um silêncio quase obsequioso.

É que disto tudo fique uma lição: só podemos depender dos sindicatos para lutar por nossos direitos. Afinal de contas, estes dificilmente são enganados por pretensas amizades com eventuais ocupantes de cargos de poder e, tampouco, aceitam ser movidos por interesses privados de cunho inconfessável.

Marcos Pedlowski, Presidente da ADUENF

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