SALAS DE AULA COMO ESPELHOS DA CRISE
Nem sempre foi assim.
Houve um tempo, por exemplo, em que cada Laboratório elaborava seu orçamento, que passava a integrar o orçamento do Centro, que, por sua vez, consolidado juntamente com os demais, compunha o orçamento da instituição, a ser submetido ao CONSUNI. Tudo bem que o orçamento nunca era executado plenamente, mas, ao menos, era elaborado por quem lidava de perto com as atividades acadêmicas. Na atual distopia uenfiana tudo é concebido num distante Olimpo, de onde tudo emana.
A instituição adoeceu, é óbvio.
Quadros jovens e com excelente formação vêm partindo em busca de melhores condições salariais em outras Universidades. Durante anos isso foi negado oficialmente. Como se isso resolvesse o problema do êxodo. Não resolveu, é óbvio. Agora, dos oráculos certamente surgirão argumentos de que isso tudo é uma maldade, que uma ou duas salas de aula temporariamente em más condições não são representativas do conjunto e coisas do gênero. É óbvio. Pode até ser, mas desconheço qualquer delas que não seja desconfortável e anacrônica. Como uma vitrola ou um rádio a válvula.
E, além do mais, basta uma sala, como basta um tumor, para evidenciar o óbvio. Poucas coisas são tão difíceis de se contestar quanto o óbvio. O óbvio não fala. Grita. É superlativo.