Estado de Greve na Uerj: A vitória das cadeiras
Em assembléia realizada ontem (30/05), os professores da UERJ entraram em estado de greve.
Cerca de três
horas da tarde, a concentração da assembléia docente descobriu com
grande surpresa que as cadeiras reservadas pela Associação Docente para a
reunião haviam sido barradas pela prefeitura do campus. Depois de
exaustiva negociação com trabalhadores da Associação, o presidente
Guilherme Mota comunicou aos presentes o problema e todos foram até a
entrada de trás da universidade “ajudar” o motorista da Kombi a entrar
no campus. Depois de um leve bate-boca e ao som de palavras de ordem
como “A UERJ somos nós, nossa força, nossa voz” empurrada pela
comunidade acadêmica presente, a Kombi entrou e pôde entregar as
cadeiras.
Em que pese
essa tentativa desastrada da prefeitura em impedir a reunião dos
professores, a assembléia transcorreu de forma pacífica e democrática,
apesar de ter começado num clima de extrema indignação dos presentes
contra o ocorrido, fato sem precedentes na história da universidade. De
acordo com afirmação do diretor da ASDUERJ, Bruno Deusdará, um
funcionário da prefeitura chegou a ameaçar chamar a segurança da
universidade para impedir a entrada das cadeiras.
Dois assuntos
mobilizaram as falas e foram pauta principal da assembléia: o indicativo
de greve para o início de agosto proposto pela ASDUERJ e a ameaça de
fim do triênio pelo (des) governador Sergio Cabral. Pontuou-se que no
momento em que o estado do Rio de Janeiro vive (copa do mundo e
olimpíadas), a Dedicação Exclusiva para os professores da UERJ só sairia
do papel com muita luta e greve e, que o ataque contra os triênios dos
servidores do estado seria apenas o começo de uma série de mudanças para
impor aos trabalhadores do Rio de Janeiro a lógica da produtividade às
custas dos salários, direitos e serviços à população. Sobre essa
perspectiva, os professores decidiram entrar em estado de greve até a
terça próxima (05/06) quando uma nova assembléia decidirá o início
imediato da greve.
A presença
massiva da comunidade foi um marco na assembléia que contou com o apoio
de muitos Centros Acadêmicos, dos DCEs da UERJ e da UFRJ, de Associações
de docentes de outras universidades, do SINTUPERJ, do Movimento
Unificado dos Servidores Públicos Estaduais do Rio de Janeiro, além de
estudantes e funcionários da universidade. A assembléia demonstrou o
potencial de unidade do movimento da UERJ e refletiu também o momento de
luta que as universidades federais estão vivendo. O sentimento de que a
greve é inevitável estava presente em todos que deixaram a reunião. A
vontade de vencer vinha da certeza de que a vitória das cadeiras foi
apenas o início.
Mira Caetano
Pesquisadora OTB