SINDICÂNCIA PARA QUÊ E PARA QUEM, REITOR?
O Reitor da UENF, Almy Junior, manifestou-se hoje pela primeira vez durante reunião do Conselho Universitário da UENF realizada nesta 6a feira (30/04) sobre a condição degradante vivida atualmente por trabalhadores de campo do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA) da UENF. Estes servidores estão diariamente expostos, tendo que beber, ou tomar banho, com água sem tratamento que é retirada de uma lagoa, que foi noticiada na edição 142 da Revista Somos Assim.
Mas ao invés de prometer uma solução urgente para um problema tão grave, o Reitor apenas disse que irá abrir uma comissão especial de sindicância para apurar os fatos noticiados pela Somos Assim. Entretanto, o Reitor da UENF se esqueceu de especificar quais seriam os fatos a serem apurados, ou quem seria ouvido por esta suposta comissão.
Mas uma segunda afirmação feita neste mesmo pronunciamento deu pistas de quem seriam os ouvidos e possíveis punidos: os próprios trabalhadores. É que Almy Junior disse que uma possível ação a ser tomada pela Reitoria será colocar um servidor de Gerência de Recursos Humanos para verificar se os trabalhadores estão indo trabalhar dentro dos seus respectivos horários.
De fato, a verdade é que todo servidor da UENF tem a obrigação de cumprir o seu horário (e para isto existe controle presencial que é atestado mensalmente pelas chefias imediatas), o que deveria ser apurado pela comissão especial de sindicância é como uma condição tão grave (e que expõe um determinado número de servidores da instituição à condições indignas de trabalho) pôde se prolongar durante três anos da administração do atual Reitor. No mínimo faltou atenção, o que definitivamente não serve como desculpa.
Uma coisa é certa: se alguém terá de ser punido não são os trabalhadores de campo! Afinal, há que se lembrar que o Brasil é signatário dos acordos da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que proíbe terminantemente a exposição de quaisquer trabalhadores à condição de trabalho degradante. Assim, muito menos em uma universidade pública esta situação poderia ser aceita ou tolerada.